- Chamou Comandante?
- Sim reúna os Ajudantes de Campo e generais da Frente
Constitucional. Quero atacar novamente o Tribunal Constitucional. Tenho um
plano ardiloso. A situação é esta. A localização geográfica da Constituição é
muito desvantajosa para ataques coordenados por terra, ar e mar, como sabem.
Tem uma protecção natural de princípios estruturantes e está armadilhada pelo
Estado Social. Infelizmente, não podemos desmantelá-la sozinhos.
- E o Tribunal Constitucional Comandante?
- É o braço armado da Constituição. Já tentámos de tudo.
Novas nomeações. Novos juízes. Confronto directo em espaço aberto. Grandes
escaramuças e provocações nas vésperas das decisões. Mas nada. Só nos resta
tentar realizar manobras não convencionais através de ofensiva psicológica em
larga escala.
- Com que movimentação?
- Primeiro, fazemos avançar a infantaria, nas redes sociais.
Adoro o cheiro a argumentação desvairada pela manhã. Depois, a artilharia
ligeira de comentadores de peso médio nas televisões. Finalmente, a artilharia
pesada que ainda está em bom estado de utilização. O Daniel Bessa avançou há
uns dias. Brigadeira Maria Luís pode ir fazendo a tradicional rábula de que não
há Plano B, etc.. O Machete também era bom, mas depois daquele acidente a
limpar a arma enquanto falava a uma rádio, é melhor repousar.
- E podemos contar com o Batalhão Troikano?
- Claro. O FMI já fez uma sortida ontem e classificou o
Tribunal Constitucional como uma dificuldade. Barroso fala novamente para a
semana. E ainda se arranjam umas fontes anónimas da Comissão e do Eurogrupo
para assustar com o segundo resgate e dizer que se trata de um Tribunal
ativista. Eu próprio já falei em calamidades na restruturação de dívida se o
Tribunal Constitucional não decidir como queremos.
- Comandante, mas este plano é muito parecido com os
anteriores. E até agora, perdemos sempre. Ainda acha que a solução militar é a
melhor forma de derrotar o Tribunal?
- Na verdade, não tem importância.
- Desculpe mas não percebo Comandante.
- Isso era no passado. Não faz mal que o Tribunal
Constitucional decida como sempre decidiu. É por isso que propomos tantas
medidas no limite. Ou até bem para lá do limite. Cortes sobre cortes e reduções
sobre reduções. Se correr mal, temos que chamar novamente o Batalhão Troikano
para intervir. E aí a culpa é do Tribunal Constitucional. Perder a batalha para
ganhar a guerra. Sun Tzu dizia que a suprema arte da guerra era derrotar o
inimigo sem lutar. Eu digo que a suprema arte da guerra é perder com o inimigo
para ganhar.
11 de outubro de 2013
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