O FMI veio dizer que a receita fiscal está a abrandar e que a devolução da sobretaxa do IRS não está garantida, além de recomendações várias.Três comentários. Primeiro, depois da UTAO, é mais uma voz que vem chamar a atenção para o eleitoralismo descarado do Governo ao anunciar a devolução da sobretaxa do IRS com simulador incorporado a meses de saber se o pode fazer. Segundo, a devolução da sobretaxa, em mais ou menos anos, estará sempre dependente do conjunto da receita fiscal e dos estímulos possíveis para o seu aumento. Uma descida do IRC, como pretende o Governo, parece contraproducente e ineficaz. Terceiro, o FMI entrou sem hesitações na campanha eleitoral insistindo nas mesmas reformas de sempre: cortes na despesa e flexibilização do mercado de trabalho. Tendo em conta os resultados obtidos desde 2011, poderia pensar-se que o FMI não repetiria sempre o mesmo. Mas repete.
Diário Económico de 13 de agosto de 2015